Essien
Número de Mensagens : 30 Idade : 105 Localização : Nuvem. Data de inscrição : 16/06/2018
Ficha Vasta Jogador: Arvedui Sexo: Masculino Raça: Orc
| Assunto: Essien Sáb 16 Jun - 9:43 | |
| Características BásicasNome: Essien Jogador: Arvedui Sexo: Masculino Raça: Orc Classe: Monge Idade Aparente: 22 anos Origem: Monastério Aganju, muito além dos confins de Vasta. Atributos SociaisOcupação: mensageiro/sentinela Corporação: Monastério Aganju Título: nenhum Localização: Atualmente, nos arredores da Floresta. Atributos FísicosAltura: 2 metros Peso: 120kg Olhos: negros Cabelos: negros Pigmentação: negro Peculiaridade: possui a pele negra repleta de cicatrizes dos árduos treinamentos que recebeu no monastério Atributos PsíquicosTemperamento: sereno. Afinidade: nenhuma. Aversão: nenhuma. Ideologias: aperfeiçoamento espiritual/compreensão dos seres sencientes OutrosAptidões: luta desarmada e com bordão, domínio do chi. Posses: nenhuma Vestes que Usa: calças e luvas de couro, brincos, cinto e colar de osso. Foto do Personagem: - Spoiler:
(favor desconsiderar a lâmina na imagem rs)
Personagens que a acompanham (não jogadores): nenhum História: O mundo é um lugar cruel para pessoas como eu: nasci com a aparência errada para o lugar errado, num momento que não pode ser considerado como o melhor para tanto. Ademais, sou orc; sim, orc. Faço parte do grupo de seres que mais gera ojeriza em relação aos demais. Sou, antes de tudo, um monstro. Sentimentos? Ninguém imagina que eu os tenha; sonhos? Talvez morrer com glória em uma batalha na qual sequer tenho noção de por que estou lutando; Medos? Pensa-se que qualquer punho mais forte que o meu seja suficiente para me fazer correr; objetivos? No máximo, comer um naco de carne ao fim do dia e violar alguma jovem camponesa por diversão. Essa é a imagem que criaram de mim e dos meus (com alguma razão, devo admitir); isso não é, absolutamente, o que sou.
Pouco sei de minha história além do que me contou o Irmão Mbala, do Monastério Aganju, onde fui acolhido com um dia de vida. Mais do que esse pouco, não desejo saber, não me faz falta em minha busca. Em resumo, nasci com a pele negra como a noite, na noite mais amaldiçoada do ano, numa tribo em que o negro na pele e o negro da noite maldita eram suficientes para tornar a mim o receptáculo dos piores demônios - demônios que amedrontavam até mesmo os orcs. Meu destino era ser retalhado em pedaços, ter minha carne retirada dos ossos e reduzida a cinzas pelo fogo, ter meus ossos carbonizados para combinarem com o tom de minha pele e, por fim, ser enterrado em algum pedaço de chão árido, sem identificação e longe de qualquer lembrança consciente. Felizmente - ou não, a depender de como você interprete -, fui salvo desse destino cruel por um gesto estranhamente cordial daquela que dizem ter sido minha mãe: não permitindo que eu fosse retalhado - abandonando-me às portas do Monastério -, ela própria chamou para si o destino que deveria ter sido meu, segundo dizem. Não me interessa, faz parte de um passado que não conheci. Oro a qualquer entidade que porventura escute a minha odiosa raça que a tenha recebido bem, se de fato existir algo além deste plano.
No monastério, segundo me contam, a imensa maioria dos monges pretendia me presentear com uma morte piedosa, livrando-me das agruras que a vida viria a me reservar: pois eu era orc, eu era negro e eu era amaldiçoado. Irmão Mbala, contudo, enfrentou a todos. Sendo ele um dos mais sábios e, sem dúvida, o mais habilidoso, foi ouvido - por medo, talvez por respeito, mas não por compaixão a mim. Pelas palavras de Irmão Mbala eu conheci a sabedoria, a comunhão e compreendi que, embora todos pareçam pensar diferente, eu componho, com todos a minha volta, o mesmo nada que molda o universo. Pelas mãos de Irmão Mbala eu conheci a força que tenho, desenvolvi a habilidade manual, a destreza e a agilidade de um exímio artista marcial. Por fim, pelo espírito de Irmão Mbala, eu conheci os segredos do chi.
Por mais de 20 anos vivi sob os cuidados de Irmão Mbala dentro das paredes do Monastério. Do mundo, conheço pouco além do que li nos livros. Sim, eu os li. Por meio deles compreendi parte dos motivos que levam as demais raças a ojerizar a minha; por meio deles percebi que jamais serei benquisto em lugar algum no qual eu chegue; por meio deles, todavia, percebi também que a odiosidade dos orcs não é algo inato, mas meramente circunstancial, fruto de uma sociedade moldada à abominação; por meio deles, por fim, desenvolvi uma mentalidade que, ao mesmo tempo, me afasta e me aproxima de minha gênese: continuo sendo orc - e, hoje, posso dizer que não me envergonho de minha origem -, mas me tornei o oposto de qualquer orc, por ser tolerante.
Como eu dizia, por mais de 20 anos vivi no monastério: fui mensageiro, fui carpinteiro, fui sentinela, fui cozinheiro, fui caçador; mas também fui noviço, fui aprendiz e, por fim - e por força de Irmão Mbala - fui (sou) monge. Aprendi a sobreviver, aprendi a obedecer, aprendi a combater e a proteger. Irmão Mbala era sempre meu baluarte, já que eu permanecia odiado e ojerizado, mesmo que com o passar dos anos eu demonstrasse de forma cada vez mais categórica que não apresentava "sinais" de orc. Paz nunca conheci; respeito tampouco. Conheci o ódio alheio - em mim ele não subsiste -, conheci a dor pelas mãos dos mais fortes - até que eu mesmo me tornei o mais forte - e conheci a solidão quando Irmão Mbala finalmente deixou esse plano de existência.
Isso não faz muito tempo. Alguma moléstia, creio eu. Humanos são fracos por vezes. Tudo os reduz a nada. Irmão Mbala definhou, tornou-se uma carcaça de ossos envolta por carne seca e enrugada. Estranhamente, aquilo não me condoeu: foi essa ausência de sentimentos que me demonstrou com mais força minha ascendência orc. Não me condoeu, mas me modificou. Eu cavei sozinho o túmulo de Irmão Mbala, eu o enterrei sozinho - pois, com o tempo, ele passou a ser ojerizado por minha causa - e eu, valendo-me das palavras que aprendera com meu mentor, despedi-me sozinho de Irmão Mbala.
Feito isso, ainda na primeira noite, deixei o monastério. Isso foi há pouco mais de um ano. A princípio, vaguei sem rumo: um viandante perdido na imensidão de um mundo que antes nunca conhecera. Todavia, a rotina monástica estava demasiado arraigada em mim. Mantive-a durante o cotidiano nômade. Recuso-me a adotar o nomadismo mendicante que alguns de minha ordem parecem admirar. Devo respeito ainda ao monastério Aganju, mas sei que eles desejavam ver-me longe. Verto ainda as roupas que fiz para mim, mas o manto ocre com capuz do Monastério Aganju eu evito usar, pois sei que se envergonham de mim; não me consideram um irmão em vida.
Abandonei a vida monástica sob a justificativa de pesquisar sobre o mundo e trazer novos conhecimentos ao monastério. Em verdade, essa já era uma tarefa para a qual eu estava sendo preparado por Irmão Mbala; todavia, ele nunca dissera que eu estava pronto. Pronto eu mesmo me fiz ao notar que minha defesa estava enterrada com sete palmos de terra sobre si. Foi de bom grado que me dispensaram em minha missão. Sinto que esperam que eu desapareça no caminho, mas isso eu não farei. Coletarei conhecimento, um dia retornarei.
Não temo os olhares enviesados, não temo a besta semioculta de minha natureza repousando em mim, tampouco temo seres carnais ou espirituais. Temo apenas a extensão da inconsequência, a ação sem ponderação, o discurso sem reflexão - e todas as consequências daninhas que daí podem advir. Não busco riquezas, tampouco glórias, mas apenas a sabedoria da vivência, o controle de meus próprios vícios. Não defendo ninguém, não acuso ninguém. Não possuo filiações, não defendo ideologias. Minha busca é pessoal, mas também universal, já que ao mesmo tempo em que sou fruto do meio, influencio na formação desse meio. Sou o que sou pelo que somos todos nós. | |
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Narradora
Número de Mensagens : 262 Data de inscrição : 28/05/2009
| Assunto: Re: Essien Seg 18 Jun - 8:00 | |
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